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Este Blog é como uma árvore acabada de plantar. Ignoro qual será a espessura do tronco, quantos ramos terá ou mesmo quanto irá crescer. Anseio apenas a sensação de um dia a poder abraçar.
- Avô, para que serve isto?
- Isto, meu filho, é um pequeno cata-vento, um moinho para sabermos de onde está o vento. É muito útil para anteciparmos certos trabalhos de agricultura.
- Que engraçado, faz-me lembrar certas pessoas que eu conheço.
- Porque dizes isso, meu filho?
- Ora, porque o meu pai diz que o tio Fernando é um perfeito cata-vento. Vira-se para onde lhe dá mais jeito. Já foi candidato à junta por três partidos políticos diferentes e conseguiu ganhar sempre.
- Com todo o respeito que tenho pelo teu pai, devo dizer-te que ele não percebe nada de cata-ventos. Olha que o cata-vento ensina-nos uma virtude muito nobre: a Fidelidade. Informa-nos sempre de onde vem o vento, rapidamente e com precisão. Na ausência de vento espera, imóvel e vigilante, até que se aperceba da primeira brisa para, imediatamente e sem receio, apontar a sua proveniência. Podes sempre contar com a sua lealdade e rectidão, meu filho. Assim deveriam ser os homens...
Sabes, quando era pequeno e passava para a escola, além naquela rua onde mora o José da Saruga havia uma casa brasonada que tinha por baixo da pedra d’armas um painel de azulejos com o excerto de uma carta que Francisco Sá de Miranda endereçou a El Rei D. João III, que dizia assim (nunca me esqueci):
“Homem dum só parecer
Dum só Rosto e duma Fé
Dantes quebrar que torcer
Outra coisa pode ser
Mas de corte Homem não é.”
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